segunda-feira, 21 de abril de 2008

The Road



Leituras metafóricas incluídas, este título não podia ser mais adequado à minha estreia nestas andanças. The Road, último livro de Cormac McCarthy, é daquelas obras que não se esquecem. É uma leitura dolorosa. Um murro no estômago. E, contudo, vale tanto a pena irmos estrada fora com um pai e um filho através de uma América destruída. Sobre o cataclismo que varreu o país não sabemos nada, limitamo-nos a deambular por um cenário onde autênticos mortos-vivos tentam sobreviver (submorrer?). A linguagem é sóbria, o sofrimento (e neste livro é abundante) é descrito de forma seca, precisa, clínica quase. Perante a impotência face às circunstâncias, o que resta a um pai que leva a sua criança pela mão? McCarthy comove-nos sem ser lamecha, agarra-nos a uma história que não existe – as personagens limitam-se a seguir. Sempre. Contra tudo. Apesar de tudo.
A recente adaptação ao cinema de “Este país não é para velhos”, pelos irmãos Coen, atraiu muitos leitores curiosos. Apesar da notoriedade mediática, McCarthy é muito mais do que um autor na moda. Títulos como “The Road” ou “Meridiano de Sangue” atestam bem a solidez da sua genialidade literária. Há já quem o equipare a Faulkner ou Melville… o tempo o dirá. Eu apostava no sim.

4 comentários:

FMS disse...

E que boas memórias me traz a tua leitura desse livro. Eu que assumi logo que não estava, nem estaria nos próximos 100 anos, in the mood para lê-lo :)

ticher disse...

Ena, o meu primeiro comentário. Tinha de ser teu, claro! Hum, como é que emendo Cohen para Coen? Já ia dando cabo das formatações desta coisa? E como ponho a iamgem do livro?

FMS disse...

Já te respondi pelo outro canal ;)

Anónimo disse...

Então foi a menina que tirou a imagem lá de cima? Ainda bem porque assim ficou melhor não ficou. Deu muita vontade de ler o livro, muito bom. Um abraço.