terça-feira, 22 de abril de 2008

Evolution



Stephen Baxter (1957) é um autor de hard sci-fi cuja marca pessoal é o rigor analítico com que constrói histórias em que, regra geral, são fragmentos da própria história que povoam o espaço normalmente ocupado pelos heróis. Licenciado em Matemática e Engenharias, Baxter não se atém à herança de Poul Anderson, Arturh C. Clarke ou Frederik Pohl, comummente reconhecidos como os fundadores do subgénero - caracterizado por graus de verosimilhança muito elevados, pese embora a ousadia dos temas abordados - e acirra a mente do leitor com toques que fazem lembrar HG Wells ou Olaf Stapledon.

Evolution é uma narração especulativa do processo evolutivo, centrado em cadeias isoladas de DNA, desenrolando-se com ordem fractal, composta por sub-contos em que o protagonismo fica a cargo da evolução em si mesma - um processo auto-replicativo. Ao longo do livro esta ideia Von Neumanniana é recorrente, da brutal ciclicidade eclosão-sobrevivência-morte-eclosão de há 115 milhões de anos, até à extinção final - esperem, não vai haver aqui spoilers até porque ainda não acabei o livro ;)

Marcado a espaços por sequências de capítulos inteiros escritos de forma hiper-realista, barroca, e binariamente (in-humanamente) analítica, Evolution mantém a linha arrojada que Baxter explora em toda a série "Xeelee", a qual culmina com "Ring", obra essencial no género, e onde uma vez mais a simples escala do palco que é usado transcende a imaginação do leitor menos preparado para a coisa.

Evolution é um trabalho de pesquisa impressionante e uma abordagem clinicista ao processo que nos trouxe a capacidade de, por exemplo, escrever este post. É de ler.

2 comentários:

ticher disse...

Quê? Importa-se de repetir? Agora de forma simples e adequada a cérebros "menos preparados".

FMS disse...

Não, que agora tenho trabalho, não posso andar a blogar... :)