segunda-feira, 7 de abril de 2008

Alone In New York

A pedido de algumas famílias aqui ficam algumas considerações (rápidas) sobre "I Am Legend". Em primeiro lugar é um filme invulgar, escondendo sob a máscara de um blockbuster popular um exercício bastante curioso sobre a solidão e os seus efeitos. Há várias coisas boas a reter: Will Smith mostra todo o seu talento como leading man e aguenta sozinho a primeira parte do filme com brilhantismo e carácter, enchendo o écran com a sua presença. Neste "segmento" de mercado, há poucos assim. Temos também o excelente production design de uma Nova Iorque abandonada pelos humanos e entregue à natureza. Custou muito dinheiro e nota-se, é um dos melhores trabalhos deste tipo no mainstream de Hollywood. Goste-se ou não do resto, é um regalo para a vista. Depois, o realizador Francis Lawrence (Constantine), vindo dos videos de música e da publicidade, tem olho para o visual e para criar ambientes. E assim temos uma reflexão interessante e razoavelmente profunda sobre a solidão e sobre os efeitos dos limites da ciência, assunto com alguma relevância nos dias que correm. Tudo escorreito e, pasme-se, inteligente. O problema é que o dispositivo formal e temático do filme não vai até ao fim, cedendo, infelizmente, lugar à espectacularidade necessária às massas e aqui entram os mutantes, criaturas digitais muito primárias e que desiquilibram todo o filme. Entra o barulho, o clamor da música, os sustos induzidos à força e perde-se o resto. Uma pena. Mas, mesmo assim, um filme que ousa uma outra dimensão do cinema dito popular. Em tempo de vacas magras, é de saudar.

1 comentário:

KNOPPIX disse...

Já vi este filme, gostei muito o Will Smith tem uma boa prestação e o final inesperado apanhou-me de surpresa.

Abraços