sexta-feira, 18 de julho de 2008

Summer Essentials IV

No rescaldo de uma visita nocturna recente à capital do Império, (re)apareceu-me este álbum dos Metro Area, originalmente editado em 2002. E porquê? Porque este é um disco de música de cidade, para ser ouvido em avenidas, por entre os arranha-céus de aço e vidro. Este é um som de espaços fechados, de proximidades e de respirações ofegantes, um mundo criado e prenhe das atmosferas dos clubes nocturnos. Estranhamente, é o tipo de música que parece deslocado no campo, na praia, ou até mesmo no leitor do carro... Os Metro Area combinam doses maciças de disco, ondas de funk, e aqui e ali uns pozinhos essenciais de new-wave e synthpop, para servirem de cúpula à coisa. O que acontece é que a seguir retiram de cada faixa tudo o que é excedente até se ficar apenas com os seus elementos essenciais. Apesar de estarem associados a alguma microhouse e a uma atenção à economia musical, nunca sobrecarregam a música aqui presente com qualquer tipo de bagagem teórica. É como se não quisessem que qualquer tipo de imperfeição e/ou distracção manchasse a limpidez da sua produção. O resultado é um som elegantemente produzido e com um sentido de ritmo inatacável e um calor que se sente fluir através da conjugação das electrónicas com os elementos artesanais, incluíndo (e aqui, numa nota pessoal, eles ganharam a parada...) as cordas do Kelley Polar String Quartet. É este equilíbrio que faz o disco ser o triunfo que é. Aliás, estas faixas soam tão bem e conjugam influências tão díspares que, por vezes, quase seria desejável a existência de vozes para animar ainda mais o ambiente. Não é que as faixas não funcionem suficientemente por elas próprias. Conseguimos facilmente absorver a elegância dos seus espaços e admirar as variações ritmicas que se estabelecem entre si. A questão é que alguns destes acordes e padrões ritmicos são tão profundamente pop que acaba por ser quase um sacrilégio deixar as vozes de fora. De qualquer forma, summer in the city, em grande estilo graças a Morgan Geist e Darshan Desrani. Façam como eu, ponham o ipod a funcionar e percorram as avenidas novas numa noite de como as que têm estado ultimamente e deixem-se ir. Uma pequena paragem no café do Maria Matos deverá ajudar a mais uns momentos de prazer...

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