Uma comédia romântica com Steve Carell? Uma perspectiva que não augura nada de especialmente positivo. Certo? Bem, não, pelo menos não neste caso. Porque esta é uma quase comédia romântica. E é neste quase que se joga o sucesso do filme. Há humor, mas um humor que, por vezes, chega a ser incómodo. Rimos, mas sentimos que, se calhar, aquilo até não tem assim tanta piada, porque reflecte desespero, desencanto, descontrolo, alguma armagura face a uma vida que teima em escapar ao controlo dos seus protagonistas. Steve Carell faz do seu homem em plena crise de meia-idade, preso à imagem da falecida mulher, às exigências das três filhas e à ilusão de um amor impossível, uma personagem credível, simpática, daquelas que gostamos de gostar. Seguimos o filme por causa dele e torcemos pelo happy ending que sabemos vai acontecer mas, afinal, o que conta é o caminho até lá chegarmos, certo? E Juliette Binoche é uma actriz luminosa, seja em que situação for. Assim, temos um filme que evita os abismos de palermice que uma história destas podia acarretar e até nos esquecemos que tudo aquilo é apresentado sob uma boa camada de açucar e que, talvez, a maioria das personagens não passa de um conjunto de clichés que já vimos muitas vezes... Mas o grupo de actores liga tão bem, faz tudo com tal alegria e gosto que tudo isso é perdoado. Afinal, o realizador, Peter Hedges, sempre é um dramaturgo e as palavras essas, são muito bem tratadas. Em resumo, um bom pequeno filme, aconchegante e terno, excelente para uma tarde de chuva. Os americanos chamam a este tipo de filmes "dramedy", uma mistura de drama com comédia, ou vice-versa, classificação que aqui encaixa perfeitamente. E a vida real é, por vezes, essa mistura de opostos. Já agora, o título português do filme é verdadeiramente inqualificável...
sábado, 19 de abril de 2008
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3 comentários:
Na mouche!
Muito boa crítica, também adorei o filme. Realmente o Steve Carell é sem dúvida um dos melhores actores na terra do tio Sam.Um abraço.
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