quarta-feira, 30 de abril de 2008

Dream Team

David Fincher a dirigir Brad Pitt, Cate Blanchett e Tilda Swinton, a partir de F. Scott Fitzgerald.
Filme do Ano?
Estreia americana em Novembro.

Great Expectations


Actualmente a suspirar por:
DK7 - "The Great Hunger"
Lindström - "Where You Go I Go To"
Röyksopp - TBA
Antony & The Johnsons - "The Crying Light"
Massive Attack - TBA
Coldplay - "Viva La Vida or Death and All His Friends" (mesmo quase, quase a sair...)
Algures num futuro próximo (sigh...)

Ser feminista por M.T.H.

Example

A minha tarde de Março (2004) em casa de Maria Teresa Horta* foi dos momentos mais enriquecedores da minha vida. Aprendi muito em poucas horas de convivência. Enquanto homem que sou e, como tal, curioso dos mistérios do sexo oposto, penso ter absorvido a melhor definição sobre o que é ser feminista!

(Maria Teresa Horta) Não sou militante, Zorze, sou feminista! Mas há uma ideia concebida que uma feminista não gosta de homens - é falso! Eu vivo apaixonada por um homem há 40 anos; tenho um filho e dois netos - todos rapazes! Tenho uma vida de casa perfeitamente normal: cozinho todos os dias, passo a ferro, lavo e faço isso tudo. Sou uma pessoa meiga, terna, doce e avó-galinha como lhe digo. Dizem que as mulheres feministas são todas horríveis, feias, amargas e ninguém as ama ou quer ir com elas para a cama. O que é isto? Uma feminista não é uma mulher muito feminina? É mais feminina do que qualquer das outras!


* A afirmação da ser feminina, bem como uma vigorosa sensualidade, ganharam asas nas páginas dos seus livros. Dirigiu o ABC Cine-Clube, fez parte do grupo Poesia 61 e colaborou em inúmeros jornais e revistas. Em 1972, foi julgada por atentado ao pudor quando, em conjunto com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, escreveu Novas Cartas Portuguesas: o hino da libertação sexual das mulheres! Felizmente, a justiça prevaleceu (a custo da pressão internacional, diga-se de passagem!) e as “Três Marias” foram libertadas aquando do 25 de Abril.

terça-feira, 29 de abril de 2008

MENSAGEM


Como o próprio nome indica, a Mensagem é uma obra que pretende comunicar ao leitor. Este nome não terá sido a primeira escolha de Fernando Pessoa, mas sim Portugal. Por sugestão do seu amigo Cunha Dias, Pessoa substituiu o nome para evitar que as suas intenções fossem mal interpretadas e tomadas como propaganda política. Foi na Antiguidade Clássica que encontrou o vocábulo que serviu de nome a esta sua obra poética. Segundo a mitologia, Anquises deu a seu filho Eneias a seguinte explicação para o Universo: “ Mens ag(itatmol) em “ que significa “ O espírito move a massa”. Encontramos aqui escondida a palavra que dá título à obra e que se reveste de dupla simbologia: a mensagem a passar será exactamente a crença de que o espírito humano (particularmente o Português) terá a capacidade de fazer mover o mundo.
Fernando Pessoa reconhece os feitos do passado mas sublinha a necessidade de um futuro à altura das capacidades dos Portugueses. O que está feito, feito está. O apelo presente na Mensagem é exactamente o apelo à ousadia, mas desta vez espiritual. Vão-se os anéis, ficam os dedos. As riquezas das conquistas não permanecem para sempre. O que irá permanecer será a cultura em forma de Arte. É este o verdadeiro apelo de Pessoa: um “ Às Armas!” substituído por “ Às Artes!”. Talvez por isso a importância do agora. A Mensagem foi a única obra publicada durante a vida de Pessoa. A crença de que os Portugueses têm uma missão é a maior prova do patriotismo Pessoano. A concretização de um Quinto Império seria a derradeira prova de que Portugal é realmente “Nação valente e imortal"!

A tribo na voz



Nascida em Novembro de 1956 na Karasjok Norueguesa, na pequena aldeia de Gamehhisnjarga, Mari Boine cresceu no seio de uma casa conservadora, oprimida pela segregação cristã contra as tradições preservadas a custo pela etnia nativa Sámi, e assim dividida pelo apego a uma família feita sobre pilares extremosamente pios - o pai era cristão Laestadiano fervoroso - e a alegria inata de cantar, dançar e servir de fio condutor às vibrações que animam os habitantes da Finnmark.

Em 1989, pela Real World de Peter Gabriel, lança Gula Gula, um primeiro trabalho com expressão internacional, caracterizado pela fusão entre o jazz e a joik, ritmo primordial da região e cultura Sámi. À data da edição deste álbum, Boine participa activamente em manifestações pró- Sámi, tendo chegado a desafiar a então primeiro-ministro, Gro Harlem Brundtland, a apresentar um pedido de desculpas em nome do Estado Norueguês pelas décadas de repressão e quase eugenia praticadas sobre as minorias que habitam o extremo Norte do país. As suas gravações de 1985, compiladas sob o título Juskatvuoa Manna, nunca chegam a conhecer edição fora da Noruega.

Dali até hoje, com uma dezena de álbuns propelidos ao estatuto de referência inevitável na world music, Boine confere coerência à sua obra fazendo-se suplantar na execução pela companhia de profissionais (Gjermund Silset, Helge Norbakken, Hege Rimestad) que já não podem ser considerados alvo da crítica, e não se atendo à condição cliché de cantora contestatária que jamais exorbita das suas raízes. De facto, Eight Seasons e Idjagiedas são marcos na carreira de Mari Boine em que podem ser ouvidas (em boa verdade, atropelam o ouvinte) incursões por linhas onde a estepe e a tundra se fundem com viagens pela estratosfera de olhos postos em sessões de xamanismo que fazem pensar em Lisa Gerrard à fogueira, possuída por espíritos do ar, com Bill Frisell à guitarra. Aterrador de tão gutural. Geotérmico.

Colaborando com Jan Garbarek, Sergei Starostin, e Anders Porsanen em projectos independentes, eclectiza ainda mais o espectro das influências presentes em Idjagiedas (que pôde apresentar a 16 de Fevereiro de 2008 na Culturgest) e faz-nos crer que haverá ainda muito a construir no denso ar entre a voz e os tambores. Citando-a,

"Não posso representar um povo inteiro. Mas posso contar a minha história como Sami e dessa forma contar parte da história do povo Sami. Nas minhas canções posso descrever a dor da opressão, a luta para ganhar o respeito próprio, mas também a alegria de crescer numa cultura que tem uma ligação tão forte com a natureza”.
A música pode tocar-nos de uma forma insuspeita. Pode oferecer significados, mas pode também criar momentos que não conseguimos definir. A música pode confundir-nos, mas também pode fazer-‑nos sentir felizes, exaltar-nos espiritualmente ou enriquecer-nos."

É assim que há sempre alguém que nos remete para a nossa condição primeva de tribo à deriva num planeta ainda e sempre inóspito, condição sobre a qual por vezes nos arrogamos direitos de supremacia nada mais que ilusórios.

JOE STRUMMER - THE FUTURE IS UNWRITTEN - Julien Temple


John Graham Mellor, nascido a 21 Agosto de 1952 em Londres, é para muita gente um ser desconhecido. Mas se dissermos que o seu nome artístico é JOE STRUMMER ,líder dos The Clash então deixa de ser um mistério. Quatro anos após a sua morte, o famoso realizador Julien Temple resolveu filmar um documentário sobre a vida de Strummer. Pegando em vários depoimentos de gente famosa (Flea, Bono, Martin Scorsese, Steve Buscemi, Matt Dillon, John Cusack, Johnny Depp, Jim Jarmusch, Courtney Love e Damien Hirst ) e até mesmo dos fãs de todas as suas bandas (101ers - dos The Clash, Mescaleros), Julien tenta dar a conhecer a pessoa que está por trás desta grande figura do mundo da música . Este doc. vai ser exibido hoje no IndieLisboa no Teatro Maria Matos pelas 21H30.


Para não haver dúvidas

Kelley Polar: Chrysanthemum

"I Need You To Hold On While The Sky Is Falling"

Environ, 2008

segunda-feira, 28 de abril de 2008

No Coração da Noite

O que é a música electrónica? Apenas sons extraídos de máquinas? Batidas mecânicas sem alma, nem calor? Os Kraftwerk, portanto… Pois, nem tanto. Aliás, nada mesmo. De certa forma, o grande desafio posto aos cultores da electrónica foi justamente esse, dar alma às máquinas. O Disco foi instrumental nesse propósito, porque conseguiu que, através dos sintetizadores e do seu ritmo, nascesse esse calor, esse suplemento de alma que foi criador de sensualidade, suor, movimento, luxúria, emoções todas elas muito humanas. Pioneiros como Patrick Cowley, Giorgio Moroder, Paul Parker e Arthur Russell tiveram como trunfo a invenção dessa possibilidade, digamos, orgânica, da música electrónica. Desde esse período fundador, muitos outros trilharam esse caminho, com maior ou menor sucesso, e fizeram da electrónica a moeda corrente da música contemporânea. Para o bem e para o mal. Serve todo este intróito para reforçar uma ideia já aqui expressa em outras ocasiões: a importância do Disco como linguagem fundadora e universal da música electrónica, e como fonte de onde muitos artistas, bem no centro da modernidade, vão beber a inspiração para criarem obras de excepção, absolutamente contemporâneas. Já aqui se falou dos Glass Candy, mas há outros nesta onda: Lindström & Prins Thomas, Chromatics, Hercules And Love Affair, Junior Boys, Sally Shapiro, Unai, Gui Boratto, The Presets… E, naturalmente, a razão para este arrazoado, o americano nascido na Croácia, Kelley Polar, de quem foi recentemente editado o segundo álbum “I Need You To Hold On While The Sky Is Falling”. Polar pega em todos estes pressupostos e cria um universo pop muito particular, bebendo em Arthur Russell, um dos pioneiros, muita da inspiração para a sua música. Tal como Russell, também Polar tem formação musical clássica, neste caso o violoncelo, e esse sentido de proporção, de rigor quase geométrico associado à música clássica é transposto para estas canções. Mais do que provocar um frenesim conducente à loucura nas pistas de dança, o que interessa a Polar é a construção de melodias irrepreensíveis. Estas são canções elegantes e pessoais, contidas, mas tendo como base uma utilização ousada dos recursos típicos do Disco, os arranjos de cordas, os instrumentos clássicos (o violoncelo, et pour cause…), as harmonias, todo um sentido teatral e dramático que faz parte integrante do seu imaginário. Tudo isto envolvido por doces nuances electrónicas, breves pinceladas digitais que enchem de cor e vida uma forma de abordar a vida e a música por vezes tingida de um existencialismo negro e sem esperança, altamente cerebralizado. Tal como nos casos dos Chromatics e dos Glass Candy, não é bem ao paraíso que se pretende chegar, mas ao coração da noite, com tudo o que isso implica, para o bem e para o mal. Este segundo álbum é tudo isto, mas numa forma já mais polida, mais sofisticada, mais consciente. Para ir à raiz, recomenda-se o primeiro álbum de Polar, “Love Songs Of The Hanging Gardens”, de 2005, esse sim uma verdadeira caixinha de surpresas, onde se pode assistir, em assombro, ao revelar de um universo inesperado e cheio de tesouros, estranhos e belos, com contraponto inesperado de violoncelo. A música electrónica é uma coisa mecânica e sem alma? Nem por sombras… Recomendo a audição da faixa 3 de “… The Sky Is Falling”, “Entropy Reigns (In The Celestial City)” onde tudo isto se torna carne e vive.

domingo, 27 de abril de 2008

Quando a Noite Cai (com um grande estrondo...)

Um curioso exercício em como paulatinamente dar cabo de tudo o que de bom um filme pode ter. Basta olhar para o elenco, não é de deixar qualquer um a salivar de antecipação? Um objecto de prestígio, um âncora literária fortíssima (romance de Susan Minot, adaptado por Michael Cunningham...), um realizador estabelecido, enfim, estaria tudo lá. Estaria. Mas não está. Não está porque o filme é um prodígio visual, brilhante de academismo à Inglesa (e eu confesso-me devoto dessa qualidade BBC quase automática que, por vezes, tolhe o cinema inglês...) mas absolutamente vazio de conteúdo, de acção, de interesse. Um regalo para os olhos, à custa de nada se passar, de nada ser permitido para não estragar o embrulho que parece ser a única preocupação de toda a gente, em especial do realizador, Lajos Koltai, um dos mais reputados directores de fotografia actuais, famoso pelos seus trabalhos com Istvan Szabo e Giuseppe Tornatore, mas que aqui se esquece que um filme é mais do que enquadramentos e filtros. Este é um daqueles casos em que o espectador chega a ficar furioso com o que se está a passar no écran, porque rapidamente se entra naquela dimensão do "Oh deuses, se isto fosse feito por...", que é fatal para qualquer filme. E depois, bem, deixamos de querer saber. Glenn Close, Meryl Streep, Vanessa Redgrave e Toni Collette juntas? Who cares? O filme arrasta-se e acaba. Ponto final. O sentido de desperdício é enorme e o objectivo de tudo aquilo é perdido algures numa névoa de casas brancas, mares azuis e mansões imaculadas; num niilismo paralisante, como se Henry James tivesse sido pontapeado nas partes pudendas. E o aborrecimento. Muito. Tivesse vindo James Ivory para pegar na história e estas linhas teriam um outro sentido. Mesmo Ang Lee teria feito algo melhor, ele que faz tudo bem. Assim, o que nos resta é sonhar com o que poderia ter sido...

sábado, 26 de abril de 2008

Burrices...

Não sei se foi pelo cheirinho a Verão dos últimos dias ou pela vontade de que cheguem as férias... mas acabei por dar comigo a ver "Fool's Gold".
I know, I know...
Ok, vamos já pôr os pontos nos ii: é um filme de caca... Mas a sua mais valia (para além do convidativo cenário onde se desenrola) é exactamente não estar com peneiras e estar envolto numa aura de estupidez veraneana que acaba por resultar... sort of. Uma espécie de anúncio da Malibu com duas horas.
Ou seja - e sem desejar alongar-me demasiado nisto - não é para se levar a sério e assume isso à partida. Vale pelas tiradas humorísticas que temperam a aventura, mas também não possui muito mais que isso. A sensação de caça ao tesouro não convence e já começa a chatear ver o Matthew a queimar a imagem neste tipo de filmes.
Por outro lado, há já muito tempo que não via uma personagem tão deliciosamente burra como a moçoila que surge algures a meio do filme (Alexis Dziena a fazer de filha rica, irritante e confrangedoramente oca de Donald Sutherland).
Para quem quiser ver, a recomendação é: ir com baixas expectativas.
It's probably for the best...

PS: Que me perdoem os restantes loungerianos por esta pequena falta.

So Far So Good

O Best Of de 2008 até agora (apresentado sem nenhuma ordem especial...):

  • The Presets: Apocalypso
  • Ladytron: Velocifero
  • Cut Copy: In Ghost Colours
  • Portishead: Third
  • Kelley Polar: I Need You To Hold On While The Sky Is Falling
  • Beach House: Devotion
  • Hercules & Love Affair
  • Gentle Touch: In Memory Of Savannah
  • Jori Hulkkonen: Errare Machinale Est
  • Jamie Lidell: Jim

Uma boa colheita. E ainda só vamos em Abril...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Candy Shop


Novo álbum da Senhora e, portanto, nova reinvenção. Desta vez com ritmos timbalandianos e o hip-hop e o R&B a espreitarem a cada nota musical. Com Hard Candy Madonna aproxima-se assim das novas tendências musicais urbanas. Não lhe fica mal... mas continuo a preferir o Confessions.
O primeiro single foi o morno "Beat Goes On", que a maioria já deve ter esquecido e que faz parte do alinhamento final do disco. Mas o segundo single já demonstra que apesar da idade, a Material Girl continua aí para as curvas. O contributo do mestre do ritmo, Timbaland himself, e a parceria com Justin Timberlake são uma aposta ganha em "4 Minutes", pequena gema sonora estilizada ao pormenor.
Com tanta gente envolvida na produção do álbum, prespassa ao longo destes 50 e poucos minutos, um agradável ritmo de música de dança o que torna a coisa instantaneamente reconhecível: sim, é a Madonna. Porque embora a Senhora fuja a sete pés do obsoletismo, há coisas que não mudam. "Give It 2 Me" é agradavelmente funk e "Dance 2night" segue pelo mesmo caminho, com o seu ritmo sensual e nocturno.
Depois da loucura para pista de dança de Confessions, a nova sonoridade de Madonna apanha os fãs desprevenidos, mas tudo acaba por ser lhe ser permitido. Não é assim mesmo com tudo o que é bom e de que gostamos?

DAVID LYNCH - GUCCI



David Lynch assina a realização do filme do novo perfume da Gucci. Com a banda sonora a cabo dos Blondie, o filme é uma mistura de curvas e sensualidade, modernismo e luxo.Tudo o que Lynch já nos deu a conhecer nos seus filmes.




David Lynch também é noticia pelo cartaz deste ano do Festival de Cannes. A imagem é de Lynch e o cartaz foi elaborado pelo artista gráfico Pierre Collier.

COMING SOON!

Bret Easton Ellis no grande écran.
Realizado por Gregor Jordan.
Cast impressionante:
Winona Ryder, Billy Bob Thornton, Kim Basinger, Mickey Rourke, Chris Isaak,
Brandon Routh (o Super Homem...)
e Brad Renfro (falecido aos 25 anos em Janeiro deste ano).
Que venha em breve...

terça-feira, 22 de abril de 2008

Citações, #1

Porque é que, na maior parte das vezes, os homens na vida quotidiana dizem a verdade? Certamente, não porque um deus proibiu mentir. Mas sim, em primeiro lugar, porque é mais cómodo, pois a mentira exige invenção, dissimulação e memória. Por isso Swift diz: «Quem conta uma mentira raramente se apercebe do pesado fardo que toma sobre si; é que, para manter uma mentira, tem de inventar outras vinte». Em seguida, porque, em circunstâncias simples, é vantajoso dizer directamente: quero isto, fiz aquilo, e outras coisas parecidas; portanto, porque a via da obrigação e da autoridade é mais segura que a do ardil. Se uma criança, porém, tiver sido educada em circunstâncias domésticas complicadas, então maneja a mentira com a mesma naturalidade e diz, involuntariamente, sempre aquilo que corresponde ao seu interesse; um sentido da verdade, uma repugnância ante a mentira em si, são-lhe completamente estranhos e inacessíveis, e, portanto, ela mente com toda a inocência.

Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano'

Evolution



Stephen Baxter (1957) é um autor de hard sci-fi cuja marca pessoal é o rigor analítico com que constrói histórias em que, regra geral, são fragmentos da própria história que povoam o espaço normalmente ocupado pelos heróis. Licenciado em Matemática e Engenharias, Baxter não se atém à herança de Poul Anderson, Arturh C. Clarke ou Frederik Pohl, comummente reconhecidos como os fundadores do subgénero - caracterizado por graus de verosimilhança muito elevados, pese embora a ousadia dos temas abordados - e acirra a mente do leitor com toques que fazem lembrar HG Wells ou Olaf Stapledon.

Evolution é uma narração especulativa do processo evolutivo, centrado em cadeias isoladas de DNA, desenrolando-se com ordem fractal, composta por sub-contos em que o protagonismo fica a cargo da evolução em si mesma - um processo auto-replicativo. Ao longo do livro esta ideia Von Neumanniana é recorrente, da brutal ciclicidade eclosão-sobrevivência-morte-eclosão de há 115 milhões de anos, até à extinção final - esperem, não vai haver aqui spoilers até porque ainda não acabei o livro ;)

Marcado a espaços por sequências de capítulos inteiros escritos de forma hiper-realista, barroca, e binariamente (in-humanamente) analítica, Evolution mantém a linha arrojada que Baxter explora em toda a série "Xeelee", a qual culmina com "Ring", obra essencial no género, e onde uma vez mais a simples escala do palco que é usado transcende a imaginação do leitor menos preparado para a coisa.

Evolution é um trabalho de pesquisa impressionante e uma abordagem clinicista ao processo que nos trouxe a capacidade de, por exemplo, escrever este post. É de ler.

Os monstros e nós




Extraordinário o filme que vi ontem (ok, foi sem legendas e perdi algumas das nuances dos diálogos, mas enfim… a download dado não se olha a língua). Adiante.
“Nevoeiro Misterioso” – acho que é este o título português – para além de ser um bom filme de suspense e terror (mas essas considerações deixo para quem percebe mais de cinema do que eu) levou-me de novo ao território que tinha sido também explorado no livro “The Road”: a exposição das pessoas a situações extremas. De novo, um pai a tentar proteger o seu filho por todos (e quando digo todos, foram mesmo todos!) os meios possíveis. A ternura que permanece para além de tudo. Os bichos em que nos transformamos quando nos sentimos em perigo. Os monstros que nos habitam e nos transfiguram. Em suma, as pessoas no seu melhor e pior. Ah, e depois os momentos finais ao som dos Dead can dance. De arrepiar. Ainda não parei de pensar no filme
.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Lights and Music


Querem jogar uma música?
Sim, perceberam bem. O verbo está correcto: "jogar".
Chama-se AudioSurf e é um dos jogos que mais me fascinaram nos últimos dois anos. Antes de mais, tem uma grande vantagem: podem escolher qualquer música que tenham no vosso PC. Sim, qualquer uma. Depois, o programa adapta a pista de jogo à música, qualquer que ela seja.
A premissa é muito simples e traz à memória algo tão rudimentar como o Tetris e qualquer jogo de Match3. Controlamos uma nave que tem de juntar blocos da mesma cor: as cores mais frias (roxo e azul) dão menos pontos que as cores quentes (amarelo e vermelho). Ao mesmo tempo, convém evitar os blocos cinzentos (que bloqueiam o tabuleiro) e que as colunas de blocos fiquem totalmente preenchidas (senão, somos penalizados).
Mas a grande maravilha deste jogo é o que ele consegue fazer, visualmente, às músicas que escolhemos. A pista onde a nave circula saltita ao ritmo das batidas e a velocidade aumenta ou diminui consoante a música. Se jogar ao som de Madonna é minimamente acessível, o mesmo não se pode dizer de uns LCD Soundsystem ou de uns Digitalism. Nesses, a velocidade e o psicadelismo atingem níveis extasiantes.
E embora com o tempo haja o risco de se cair um pouco na rotina, isso é colmatado pela curiosidade de experimentar como será jogar esta ou aquela música. Duran Duran, versão Timbaland? Preparem-se para muitos saltos e curvas sinuosas. Hot Chip? Explosões de cores e velocidades transloucadas. Rufus Wainwright? Mais calmo, mas igualmente desafiante... As possibilidades são infinitas. Como ficarão uns Pearl Jam aqui? E uns Muse? Hercules & Love Affair? Slipknot...?!
As possibilidades elevadas ao infinito!
A prova de que às vezes os conceitos mais simples são os que melhor funcionam. Pelo menos os que são bem executados. Para todos os que apreciam um jogo mais casual, recomenda-se.

The Road



Leituras metafóricas incluídas, este título não podia ser mais adequado à minha estreia nestas andanças. The Road, último livro de Cormac McCarthy, é daquelas obras que não se esquecem. É uma leitura dolorosa. Um murro no estômago. E, contudo, vale tanto a pena irmos estrada fora com um pai e um filho através de uma América destruída. Sobre o cataclismo que varreu o país não sabemos nada, limitamo-nos a deambular por um cenário onde autênticos mortos-vivos tentam sobreviver (submorrer?). A linguagem é sóbria, o sofrimento (e neste livro é abundante) é descrito de forma seca, precisa, clínica quase. Perante a impotência face às circunstâncias, o que resta a um pai que leva a sua criança pela mão? McCarthy comove-nos sem ser lamecha, agarra-nos a uma história que não existe – as personagens limitam-se a seguir. Sempre. Contra tudo. Apesar de tudo.
A recente adaptação ao cinema de “Este país não é para velhos”, pelos irmãos Coen, atraiu muitos leitores curiosos. Apesar da notoriedade mediática, McCarthy é muito mais do que um autor na moda. Títulos como “The Road” ou “Meridiano de Sangue” atestam bem a solidez da sua genialidade literária. Há já quem o equipare a Faulkner ou Melville… o tempo o dirá. Eu apostava no sim.

sábado, 19 de abril de 2008

The Real Life

Uma comédia romântica com Steve Carell? Uma perspectiva que não augura nada de especialmente positivo. Certo? Bem, não, pelo menos não neste caso. Porque esta é uma quase comédia romântica. E é neste quase que se joga o sucesso do filme. Há humor, mas um humor que, por vezes, chega a ser incómodo. Rimos, mas sentimos que, se calhar, aquilo até não tem assim tanta piada, porque reflecte desespero, desencanto, descontrolo, alguma armagura face a uma vida que teima em escapar ao controlo dos seus protagonistas. Steve Carell faz do seu homem em plena crise de meia-idade, preso à imagem da falecida mulher, às exigências das três filhas e à ilusão de um amor impossível, uma personagem credível, simpática, daquelas que gostamos de gostar. Seguimos o filme por causa dele e torcemos pelo happy ending que sabemos vai acontecer mas, afinal, o que conta é o caminho até lá chegarmos, certo? E Juliette Binoche é uma actriz luminosa, seja em que situação for. Assim, temos um filme que evita os abismos de palermice que uma história destas podia acarretar e até nos esquecemos que tudo aquilo é apresentado sob uma boa camada de açucar e que, talvez, a maioria das personagens não passa de um conjunto de clichés que já vimos muitas vezes... Mas o grupo de actores liga tão bem, faz tudo com tal alegria e gosto que tudo isso é perdoado. Afinal, o realizador, Peter Hedges, sempre é um dramaturgo e as palavras essas, são muito bem tratadas. Em resumo, um bom pequeno filme, aconchegante e terno, excelente para uma tarde de chuva. Os americanos chamam a este tipo de filmes "dramedy", uma mistura de drama com comédia, ou vice-versa, classificação que aqui encaixa perfeitamente. E a vida real é, por vezes, essa mistura de opostos. Já agora, o título português do filme é verdadeiramente inqualificável...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Feeling Love

Donna Summer escreveu esta letra em cinco minutos.
É apenas a mais perfeita canção pop do mundo.
Foi a primeira vez que o mundo se rendeu ao poder da electrónica, através do uso sistemático dos sintetizadores analógicos de que Giorgio Moroder foi pioneiro.
Mas, para os iniciados, o pecado maior é a versão de 16 minutos produzida por outro dos pioneiros da electrónica, Patrick Cowley. Nesta se exploram todas as dimensões da música, se usa e abusa da criatividade, se criam universos alternativos de absoluto prazer sintético. Ainda hoje não há nada assim. Não é à toa que esta é uma das canções mais tocadas, imitadas, usadas, cobertas do mundo. Conto na minha posse cerca de 20 versões diferentes, e sei que existem muitas mais. Hoje, como em 1977, a marca de uma forma de viver a noite continua tão forte como sempre. O prazer, esse está inteiro.

QUEM SOU EU?


SABEM QUEM É?

quinta-feira, 17 de abril de 2008

88 MINUTES



Jack Gramm ( Al Pacino ) leva uma vida pacata como professor universitário e também como psiquiatra forense para o FBI. É reconhecido também pela condenação de um assassino, Jon Forster, que está a dias de ser executado. É então que Jack começa a receber chamadas com a ameaça de que apenas dispõe de mais 88 minutos de vida. Ao mesmo tempo começam a acontecer assassinatos semelhantes ao do serial killer Jon Forster. É esta a história deste thriller de Jon Avnet, onde Al Pacino brilha do início ao fim. Trata-se de uma luta do bem contra o mal, a razão e a justiça contra a insegurança e o medo. Por isso preparem-se para um filme intenso e repleto de suspense. Bom filme.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Prazer Absoluto.

Há momentos destes, em que nos reconciliamos com o mundo, com as pessoas, com tudo. Momentos inesperados e por isso ainda mais preciosos. Quando é a música que nos dá tudo isto, então o prazer ainda é mais intenso. Então é assim: este disco é (entra o armário dos adjectivos) fabuloso, genial, divino, arrepiante, magnífico, uma obra-prima, um deslumbre, uma tentação, um absurdo de gozo, uma carícia nas partes mais recônditas do ser, um toque de seda na pele, etc, etc, etc, etc, ad infinitum... Chama-se "Songs From The Victorious City", foi editado pela China Records em 1990 e é produzido e interpretado por Anne Dudley e por Jaz Coleman. Ela, a dos Art Of Noise, das cordas de Trevor Horn e dos Pet Shop Boys e de muytos filmes, ele dos Killing Joke e das músicas do mundo. Foi gravado no Cairo que é, aliás, a Cidade Vitoriosa do título, com um grupo de músicos locais. Como já perceberam, aqui trata-se de world music. Sim, mas não fujam, é da boa, daquela que fazem Jah Wobble (Rising Above Bedlam e Take Me To God) e Mychael Danna nos seus momentos de inspiração (os filmes Atom Egoyan, portanto, com Exotica à cabeça). Estamos em território de fusões entre ocidente e oriente, na criação de um mundo híbrido, simultaneamente cinemático e privado, em que se cruzam os olhares de duas formas distintas de ver o mundo. Pode dançar-se num clube em Nova Iorque, num soukh norte-africano ou servir de banda sonora a um qualquer thriller erotico-existencialista com a Sharon Stone, realizado por David Cronenberg numa Budapeste de sonho. Muyto bem, o delírio instala-se. Quanto a mim, estou rendido, foi o boost necessário a uma reencontrada disposição para enfrentar o mundo. Antigo e moderno, velho e novo, ocidente e oriente, electrónica e instrumentos tradicionais, tudo em plena harmonia, para júbilo das nossas pobres almas torturadas por tanta realidade... Exagero? Ouçam e saberão...

domingo, 13 de abril de 2008

Quem conta um conto...


Este "Vantage Point" saiu-me bem melhor do que eu esperava.
Tudo gira à volta de uma tentativa de assassinato do Presidente dos EUA aquando da sua participação numa conferência em Espanha sobre a guerra contra o terrorismo. Situada numa realidade pós 11 de Setembro (a qual começa a ser já um lugar comum nos filmes...) em que o terrorismo é a companhia diária para a hora de jantar, não deixa de ser algo que nos leva a repensar nas loucuras dos dias que correm e no que certas pessoas estão dispostas a fazer por uma causa, quer seja um ideal político e religioso, quer seja a protecção de uma única pessoa até às últimas consequências.
A pièce de résistance de "Vantage Point" não é a sua história banal... é antes a forma como é contada. O atentado é contado do ponto de vista de 6 pessoas diferentes: o da equipa de reportagem que filma a conferência; o do guarda-costas do Presidente; o de um polícia espanhol; o de um turista americano que, sem querer, filma algo que não deve; o do Presidente; e o dos próprios terroristas.
Isto quer dizer somos baleados por sucessivos flashbacks, todos eles trazendo novos dados e mais uma peça do puzzle. Esta é, a meio do filme, a sua maior fraqueza. Ao final do 3º flashback e após mais uma nuvem de fumo ficamos a pensar "hum... isto já evoluia para uma situação nova".
Mas quando finalmente todas as cartas estão em cima da mesa, somos prendados com uma das mais alucinadas perseguições dos últimos tempos pelas estreitas ruas de Salamanca. A velocidade é vertiginosa e os stunts automobilísticos completamente descabidos... mas que importa isso!? Entretém, sem qualquer dúvida e é sempre agradável ver um filme recompor-se quando já temiamos vê-lo a descambar.
No centro de todo este filme situado algures entre o morno e o quente, está um elenco de luxo: Dennis Quaid, Matthew Fox, Forest Whitaker, Sigourney Weaver, William Hurt e Bruce McGill.
O desenlace dá-se graças a um conjunto de circunstâncias e ao acaso, no fundo, o mesmo que cruzou a vida de todas aquelas pessoas.
Apesar de não definir nada, também não envergonha. Gostei. Mas pronto, este é o meu ponto de vista...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

MUSICA DE FDS



JOY DIVISION - SHE'S LOST CONTROL

quinta-feira, 10 de abril de 2008

YOUTH WITHOUT YOUTH



Estreia hoje o novo filme de Francis Ford Coppola. Uma Segunda Juventude é um triller/romance muito bem construído sobre a linguagem humana e do mundo. Ainda ando a digerir este filme e a analisar pormenores, por isso fica para mais tarde um post mais alargado. Não fiquem em casa e vão ver esta pequena obra prima, vale mesmo a pena. Bom filme!

terça-feira, 8 de abril de 2008

ICE AGE 3 - BLINDNESS TRAILERS

Aqui estão dois dos mais promissores filmes em estreia, são eles o Ice Age 3 e Blindness ( Ensaio Sobre a Cegueira ). O primeiro dispensa apresentações ( Verão de 2009), mas o segundo é uma adaptação de Fernando Meireles (Cidade de Deus e Fiel Jardineiro) do livro do Nobel José Saramago e conta com a participação de Julianne Moore, Mark Ruffalo, Gael García Bernal e Sandra Oh. Aqui ficam.

ICE AGE 3




BLINDNESS ( Ensaio Sobre a Cegueira )


segunda-feira, 7 de abril de 2008

Alone In New York

A pedido de algumas famílias aqui ficam algumas considerações (rápidas) sobre "I Am Legend". Em primeiro lugar é um filme invulgar, escondendo sob a máscara de um blockbuster popular um exercício bastante curioso sobre a solidão e os seus efeitos. Há várias coisas boas a reter: Will Smith mostra todo o seu talento como leading man e aguenta sozinho a primeira parte do filme com brilhantismo e carácter, enchendo o écran com a sua presença. Neste "segmento" de mercado, há poucos assim. Temos também o excelente production design de uma Nova Iorque abandonada pelos humanos e entregue à natureza. Custou muito dinheiro e nota-se, é um dos melhores trabalhos deste tipo no mainstream de Hollywood. Goste-se ou não do resto, é um regalo para a vista. Depois, o realizador Francis Lawrence (Constantine), vindo dos videos de música e da publicidade, tem olho para o visual e para criar ambientes. E assim temos uma reflexão interessante e razoavelmente profunda sobre a solidão e sobre os efeitos dos limites da ciência, assunto com alguma relevância nos dias que correm. Tudo escorreito e, pasme-se, inteligente. O problema é que o dispositivo formal e temático do filme não vai até ao fim, cedendo, infelizmente, lugar à espectacularidade necessária às massas e aqui entram os mutantes, criaturas digitais muito primárias e que desiquilibram todo o filme. Entra o barulho, o clamor da música, os sustos induzidos à força e perde-se o resto. Uma pena. Mas, mesmo assim, um filme que ousa uma outra dimensão do cinema dito popular. Em tempo de vacas magras, é de saudar.

SICKO



Se existem neste mundo pessoas controversas então Michael Moore está seguramente entre esse grupo. Vi finalmente o último documentário deste realizador" Sicko" e posso afirmar que ele não mudou nada desde o seu último doc. Moore ataca sem piedade o sistema de saúde Americano (será que existe algum?) e os lobbies que as seguradoras de saúde têm nesta área. Sempre crítico, Moore ataca sem dó a sua linda nação que se auto intitula de exemplo para a humanidade. Sem dúvida que é o melhor doc. dele: pouco protagonismo da sua parte e uma mensagem simples: "O que se passa connosco?". Moore viaja por alguns países do mundo para conseguir uma base de comparação com o sistema Americano. Começa pelo País modelo vizinho- Canadá. Mas não fica por ai. Desloca-se também à Europa ( França e Inglaterra). A cartada final é a viagem a Cuba (por incrível que pareça). As comparações são abismais, todos estes países têm um sistema grátis para todos os cidadãos, independentemente do seu estatuto social ou rendimentos. Nos Estados Unidos funcionam os lobbies das seguradoras onde a sua única e máxima preocupação é LUCRAR cada vez mais. É caso para perguntar o porquê de tantas críticas ao nosso sistema de nacional de saúde. Será que se eu vivesse no país mais civilizado do mundo teria um acompanhamento médico tão bom quanto o nosso? Claro que não. No fim, Moore tem um último golpe de génio, quando um "inimigo" virtual, dono de um site anti-Moore, lamenta ter que encerrar o seu site porque não tem dinheiro para continuar aberto de modo a conseguir pagar a cara operação à sua esposa . Moore envia-lhe então um cheque anónimo. O seu inimigo agradece-lhe, chama-o de "anjo da guarda" e admite publicamente que essa foi a única maneira de salvar a sua companheira da morte. No filme, Moore mostra a fotocópia do cheque e demonstra que bastava ao seu "admirador" viver em qualquer país Europeu, no Canadá ou mesmo em Cuba para não ter que pagar um único centavo pela mesma cirurgia.

Luxo a 110 euros de distância!



É um ovni? É uma bomba-relógio? É um objecto do demónio?
Não! É o meu novo disco externo de 500 GB da Western Digital!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

More Moore?


Não há dúvida que Michael Moore pretende ser o grilo falante da América. O problema reside no facto do grilo querer ter a força do leão, o pescoço da girafa, as pernas da gazela, os ouvidos do elefante. Manufacturing Dissident é o documentário que tenta desmascarar um grilo que não olha a meios para conseguir os seus objectivos. Nem que para isso tenha que camuflar, mascarar, omitir ou descontextualizar a verdade. Muitos sites Anti-Moore, como este, tentam refutar os seus argumentos e provar que é dono de um dos maiores umbigos do mundo ( e não se referem à gordura localizada). Não acreditamos que tudo o que Moore faça seja apenas tentar provar teorias de conspiração. Acreditamos até que ele tenha alguma preocupação social ou que acredite na capacidade (sobre)humana de mudar o mundo. No entanto, não nos foi possível assistir ao Sicko sem um outro grilo ao ouvido a sussurrar "Será?".